Os “Punk Floyd”
Uma das maneiras menos traumáticas de se entrar no universo da banda inglesa The Stranglers, a partir do início de sua história, é admitir a completa desconexão entre eles e o purismo que se esperava das bandas punks inglesas nos idos de 1976. Chas de Valley, jornalista da revista Sounds, talvez nos insinue um itinerário com a alcunha “Punk Floyd”: isso é, de um lado a raiva e a energia das bandas da nova onda dos “loosers” londrinos – os "Rattus Norvegicus" nas portas do Tatcherismo. De outro, os lampejos quase sinfônicos de algumas músicas como os “progressivos” 8 minutos de "Down in The Sewer", - por que não uma provocação ao próprio movimento punk, levando em conta o protagonismo dos teclados à Ray Manzarek de Dave Greenfield ?. Pode-se citar também o baixo ao mesmo tempo melódico e violento de J. J. Burnel (foi um dos que definiu a tendência da linha de baixo para as próximas décadas) e até a linhagem jazzística do baterista e um dos pais do Stranglers, Jet Black.
Os
vocais e a guitarra de Hugh Cornwell, bem gritados ou belamente
líricos, faziam contraponto ao baixo de J.J. Burnel bem como seu
sarcasmo e acidez nas entrevistas - o que estressava a imprensa
especializada britânica, por sua vez já estressada com os Pistols –
vide o Bill Grundy Show - ou com a subversão política do Clash. O
fato é que os Stranglers conseguiram surfar as ondas do punk ficando à margem do próprio punk, talvez ao exemplo do The Jam ou até o The
Police, segundo afirmou Hugh Cornwell e ao mesmo tempo, orbitando
nervosamente seu disco voador progressivo em torno das chamas de
Londres.
Incitando mais o anticonvencionalismo da banda, havia um sentimento de orgulho em desvairar os ouvidos dos fãs e da crítica ao lançarem álbuns bem diferentes uns dos outros. J.J. Burnel afirma que para todos da banda era um ponto consensual o de que nunca fizessem o que se esperava dos Stranglers e seria apenas dessa forma que eles sempre estariam vivos: “É uma questão de integridade para nós, quando você escuta o disco Aural Sculpture, saca que são os Stranglers, porém, não os Stranglers dos álbuns La folie ou Feline.".
A provocação foi o mote deliberadamente escolhido por todos os Stranglers: conduta punk por excelência. Porém, apesar de frequentar a mesma cena e até a abrir shows para os Ramones ou o Patti Smith Group, além de figuras que ainda comporiam o universo punk londrino, como Joe Strummer, Steve jones ou Chrissie Hynde serem encontrados com frequência em seus shows, a primeira acusação que os Stranglers sofreram, e com maestria midiática sempre usaram a seu favor, foi a de se promoverem através desse cenário pungente londrino de 1975-76 – sem serem “punks o suficiente” ou até, de não terem a famigerada consciência política do The Clash.
Má
reputação deve gerar má reputação. Esse parecia um outro mote
utilizado pela banda para que se criassem histórias a seu respeito,
tal qual um M. MacLaren alavancando o sucesso dos Pistols, e para que
essas histórias ou “estórias” fossem induzindo seus fãs a
fazerem o mesmo. Shows anulados como em Cannes, shows que não
terminaram como na “batalha de Nice” em 1980, strippers dividindo
o palco como em Battersea Park – aliás, um arranjo da namorada de
J. J. Burnel que conhecia as strippers e levou a ideia promocional para
a banda “mais sexista e misógina do planeta” e os problemas
legais e mentais com heroína: tentativa de suicídio de J. J. Burnel e
o disco sobre UFO´s – "The
Meninblack" (1981)
.
Tudo isso foi, paradoxalmente, sedimentando o caminho dos Stranglers
e os fazendo sempre figurar nas paradas britânicas.
Incitando mais o anticonvencionalismo da banda, havia um sentimento de orgulho em desvairar os ouvidos dos fãs e da crítica ao lançarem álbuns bem diferentes uns dos outros. J.J. Burnel afirma que para todos da banda era um ponto consensual o de que nunca fizessem o que se esperava dos Stranglers e seria apenas dessa forma que eles sempre estariam vivos: “É uma questão de integridade para nós, quando você escuta o disco Aural Sculpture, saca que são os Stranglers, porém, não os Stranglers dos álbuns La folie ou Feline.".
Polêmicas
& Provocações
A provocação foi o mote deliberadamente escolhido por todos os Stranglers: conduta punk por excelência. Porém, apesar de frequentar a mesma cena e até a abrir shows para os Ramones ou o Patti Smith Group, além de figuras que ainda comporiam o universo punk londrino, como Joe Strummer, Steve jones ou Chrissie Hynde serem encontrados com frequência em seus shows, a primeira acusação que os Stranglers sofreram, e com maestria midiática sempre usaram a seu favor, foi a de se promoverem através desse cenário pungente londrino de 1975-76 – sem serem “punks o suficiente” ou até, de não terem a famigerada consciência política do The Clash.
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Influências
A
profecia e a aposta da banda em serem coerentes com a mudança fez
dos Stranglers uma das bandas mais longevas da história do rock (40
anos). Tanto ecletismo veio a influenciar bandas diversas e estilos
diversos dentro do rock n roll. O Post-Punk e a New Wave (The Cure,
U2, New Order), o Goth rock (The Cult nos primórdios), Britpop
(Elastica, Oasis, Supergrass), o movimento Madchester (Inspiral
Carpets), o Post-Punk-Revival (Kaiser Chiefs, Libertines) e mesmo o
Metal (Therapy?) ou a música eletrônica (Prodigy). A música "Golden
Brown" é
fequentemente gravada por artistas do jazz. Bandas francesas como
Marquis de Sade ou Baroque Bordello declararam serem influenciadas
pelos Stranglers assim como também a nova geração do rock europeu.